Espírito Santo - Deus que Atua na Igreja

Por José Lima de Farias Filho

Nos artigos anteriores, conhecemos um pouco mais da natureza do Espírito Santo, o Deus que vive na igreja. Vimos que o Deus que vive na igreja de Cristo é missionário, é imprevisível, é glorioso, é misterioso, é imparcial.

Falamos também sobre os grandes feitos do Espírito Santo. Vimos os seus grandes feitos em relação a Cristo, em relação à Bíblia e em relação ao mundo. Agora, com base em Romanos 8, vamos ver algumas de suas muitas atuações na igreja do Senhor Jesus.

Sem dúvida alguma, o capítulo 8 da epístola de Paulo aos Romanos, é um dos capítulos mais conhecidos e mais apreciados da palavra de Deus. É nele que se encontra registrado o cântico da vitória, o cântico que começa perguntando: “Que diremos, pois, a vista dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? (Rm 8:31) - e termina declarando: “nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8:39).

Mas, antes de escrever sobre o cântico da vitória, o apóstolo Paulo escreveu sobre o agente da vitória: o Espírito Santo. O capítulo 8 de Romanos é o capítulo do Espírito Santo. Nos primeiros vinte e sete versículos desse capítulo, o Espírito Santo é citado pelo nome 21 vezes. Talvez não tenha na Bíblia outro capítulo com tantas referências a ele. E olha que a Bíblia contém cerca 1.189 capítulos! Mas a presença do Espírito Santo, nesse capítulo, não é uma presença passiva. Ele está presente e está atuante na vida daqueles que fazem parte da igreja de Cristo. O Espírito Santo, o Deus missionário, imprevisível, glorioso, misterioso e imparcial, que vive na igreja, é atuante.

O texto básico de Romanos 8:11-27 nos mostra cinco atuações dele na igreja. Vejamos a sua primeira atuação.

1. O ESPÍRITO SANTO GLORIFICA O SALVADOR DA IGREJA

Por favor, veja o que está dito no versículo 11: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita”. A humilhação do Salvador da igreja começou com a sua encarnação, culminou com a sua crucificação e com o seu sepultamento. Como se sabe, Jesus não foi morto nem por decapitação nem por apedrejamento: ele foi morto por crucificação. Assim está escrito: “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2:8).

A morte por crucificação não era empregada pelas autoridades judaicas, mas, sim, pelas autoridades romanas. Era uma morte tão desonrosa e tão humilhante que não podia ser aplicada a cidadãos romanos. Só era reservada às pessoas mais indignas, tais como escravos indignos e criminosos hediondos. A sua humilhação continuou no sepultamento: ”Ser sepultado é ir para baixo, e, portanto, uma humilhação. O sepultamento dos cadáveres foi ordenado por Deus para simbolizar a humilhação do pecador”. Se o sepultamento foi último degrau do processo de humilhação de Cristo, a ressurreição foi o primeiro degrau do processo de sua glorificação. E quem também esteve atuante nesse primeiro degrau do processo de glorificação do Salvador da igreja? O Espírito Santo, aquele que o Pai enviou depois da glorificação do Senhor ( Jo 7:39).

A sua vinda, no dia de pentecostes, foi a evidência de que “aquele que a si mesmo se esvaziou” (Fp 2:7a) “havia sido exaltado pela destra de Deus” (At 2:33). Foi a maior prova de que “Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2:36). Aleluia! E veio não para obscurecer o Salvador: mas para glorificá-lo. O próprio Jesus, na noite da traição, disse: “ele me glorificará” (Jo 16:14a). Já “retrataram o seu ministério como um ministério de holofote em relação ao Senhor Jesus Cristo”. O holofote, para quem não sabe, é um aparelho que projeta intenso facho de luz, especialmente usado para iluminar objetos à distância. Quando uma iluminação é bem feita, os holofotes são colocados de tal forma que não aparecem. O que se vê é apenas o objeto ou a pessoa para onde estão voltados os holofotes. O Espírito Santo, o Deus que vive e atua na igreja, é o holofote oculto que ilumina Jesus. O seu ministério, de certa forma, é muito parecido com o ministério de João Batista, que veio a este mundo para fazer propaganda não de si mesmo, mas daquele que haveria de vir. O Espírito Santo veio para fazer propaganda “daquele que veio pela primeira vez para se oferecer uma vez para sempre tirar os pecados de muitos” (Hb 9:28a) “e que aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação” (Hb 9:28b).

Ele veio glorificar aquele que é antes de todas as coisas, que estava com Deus no princípio, que é o resplendor da glória de Deus, que é a expressão exata de Deus! Aleluia!

Ele veio para glorificar aquele que se esvaziou, que assumiu a forma humana, que se fez Deus conosco! Aleluia!

Ele veio para glorificar aquele que é a prova do amor de Deus, o Cordeiro de Deus, o grande Sumo Sacerdote, o pão da vida, a luz do mundo, o pastor das ovelhas, o Bom pastor, o caminho, a verdade, a videira verdadeira, a ressurreição e a vida! Aleluia!

Ele veio para glorificar aquele que, por causa das nossas transgressões, foi desprezado e castigado, esmagado e traspassado, oprimido e afligido, ferido e eliminado! Aleluia!

Ele veio para glorificar aquele que ressuscitou dentre os mortos, que adentrou o céu dos céus, que se assentou à direita de Deus, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro (Ef 1;21), para interceder por nós! Aleluia!

Essa é a primeira atuação do Espírito: o Espírito Santo glori¬fica o Salvador da igreja. Vamos agora à segunda atuação.

2. O ESPÍRITO SANTO PROMOVE A VITÓRIA DA IGREJA

Vejamos o que está dito no versículo 13: “Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis”. Sem rodeio algum, a Bíblia afirma: “se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte”.
O que é carne? Não é o que está entre a nossa pele e os nossos ossos. É outra coisa.

É a nossa natureza decaída e corrupta.

A carne é como o inimigo do lado de dentro, que abre caminho para o inimigo que está forçando a porta. A sua presença, dentro de nós, é secreta e invisível, mas as suas atuações são públicas e notórias: impureza, lascívia, idolatria, discórdia, dissensão, disputa, vaidade, suspeita, explosão, ciumeira, matança, inveja, bebedice. “Nela, não habita bem algum” (Rm 7:18,b)

Desde que Adão e Eva caíram do “mais alto nível para o mais baixo nível, da santidade para a baixaria, da inocência para a malícia, da liberdade para a escravidão, do amor para o ódio, da segurança para o medo” todo mundo nasce, vive e morre com ela.

Jesus foi o único ser humano que nasceu e viveu nessa terra sem nunca possuí-la dentro de si. Ela tem uma força enorme e um apetite voraz. Tem uma grande aversão pela vida e uma intensa paixão pela morte. Assim está escrito no versículo 6a: “... o pendor da carne é morte”. A carne e a morte, na verdade, são grandes antigas e íntimas amigas. O seu maior prazer é servir a morte. Ela não se cansa de guiar até a boca grande e voraz da morte os que vivem de acordo com o seu padrão.

Outros dois grandes amigos da carne são: o mundo e o diabo. A razão pela qual a carne se inclina tanto e apenas para a morte é porque ela – a carne - é inimiga de Deus, o Criador e Senhor da vida. Assim está escrito no versículo 7a: “... o pendor da carne é inimizade contra Deus”. Ela nutre uma profunda aversão pelo Deus Santo. O tempo todo está se opondo ao seu nome, ao seu reino, ao seu amor, ao seu poder, ao seu povo. Para praticar “as boas obras, que Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:10b) a carne se rebela, se contorce e esperneia. Ao passo que, praticar más obras, ela o faz com facilidade e felicidade.

Logo, quem vive de acordo com a carne deixa Deus do lado de fora da sua vida, e não pode agradar-lhe em nada. Assim está escrito no versículo 8: “Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus”. De acordo com esse texto, para não morrer você tem que matar. Matar? Sim. Matar os feitos do corpo. Os feitos do corpo são a mesma coisa que as paixões da carne. Os maus atos e as más obras do corpo não podem ficar vivos. Devem ser mortos.

O autor do texto usa “mortificar”, que é fazer morrer. É você, e não outro, que deve fazê-los morrer. “Na mortificação nós não somos passivos, esperando que outros o façam a nós ou por nós. Nós é que somos responsáveis por fazer o mal morrer”. Mas não tente fazer isso pela sua própria força. A Bíblia diz que só pelo Espírito, o Deus que atua na igreja, nós podemos fazer morrer os feitos do corpo. Só pelo Espírito Santo! Aleluia! O Espírito, porém, “opera em nós e conosco, não contra nós ou sem nós, pois sua assistência é um estímulo para facilitar a obra, e não uma desculpa para negligenciá-la”.

A ideia de que a pessoa é salva pela graça, mas conservada por esforços próprios não é uma ideia bíblica. Nós não ganhamos a salvação por esforço próprio, nem mantemos a salvação por esforço próprio. Só pela obra e pela ação santificadora do Espírito Santo, que nos convenceu de nosso pecado, nos revelou Cristo, nos concedeu vida eterna, quando cremos em Jesus, e que, hoje, atua dentro de nós, podemos vencer as paixões da carne e viver para “aquele que morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8b). Aleluia! Por nós mesmos, somos impotentes para fazer o que agrada a Deus, mas, “pelo Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos” (Rm 8:11) “podemos apresentar o nosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12;1b). Aleluia! “Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl 5:16). “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5:25).

Até agora, vimos duas atuações do Espírito Santo, o Deus que vive na igreja: vimos que ele glori¬fica o salvador da igreja e promove a vitória da igreja. Vamos considerar agora a sua terceira atuação.

3. O ESPÍRITO SANTO DESTACA A HERANÇA DA IGREJA

No versículo 16: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. O Espírito, aqui, naturalmente é o Espírito Santo. Pois bem, ele próprio testifica com o nosso espírito. No original, “testificar” é dar testemunho, e pode também significar assegurar. Ele nos assegura que somos filhos não “da ira” (Ef 2:3), “mas de Deus”. “Aos que crêem no seu nome”, Jesus, de fato, dá o poder de serem feitos filhos de Deus (Jo 1:12). Mas é o Espírito Santo quem oferece a certeza interior dessa filiação divina. E, ao oferecer esta convicção interna de filiação, ele está também destacando a herança da igreja, pois a filiação divina tem implicações futuras. Assim está escrito no versículo 17a: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados”.

Deduz-se que, se somos filhos de Deus, somos também seus herdeiros, temos, em depósito, no céu, uma herança para nós e esta herança está reservada para o futuro. Ouça bem: esta herança está reservada para o futuro! Esse é o problema. A igreja do nosso tempo, de um modo geral, pensa pouco no futuro. Não se importa muito com escatologia, isto é, a teologia das últimas coisas, que, do nosso ponto de vista, ainda são futuras. Mas não foi sempre assim. A igreja já viveu uma fase de intenso fervor escatológico. Nos anos 60, 70 e 80, a igreja tinha olhos só para o celeste porvir. Ela vivia quase o tempo todo com os olhos fitos no céu (At 1:10a). A maior parte dos seus hinos, dos seus filmes, dos seus sermões, dos seus livros tinha o céu como tema! Por causa dessa sua ênfase escatológica, a igreja dessa época foi acusada de ser alienada e alienante, porque, na opinião de alguns dos seus críticos, fazia vistas grossas para o que ocorria ao seu redor: injustiça, corrupção, miséria, violência. A igreja de hoje, porém, vive outra situação: uma situação de absurda frieza escatológica. Ela não pensa muito no céu. Estão trocando a escatologia pelo consumismo e pelo materialismo. Pasmem: até as igrejas adventistas, as que mais pregavam e as que mais cantavam a escatologia, se esfriaram!

Precisamos urgentemente de uma renovação escatológica. Sabe quem pode promover essa renovação? O Espírito Santo, o Deus que vive e atua em nós. O Espírito Santo é um Espírito escatológico. Ele, o próprio Espírito que testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus, nos diz, por meio do apóstolo Pedro, que há “uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros” (I Pe 1:4). As heranças terrenas estão sujeitas a constantes variações e mudanças. O seu valor pode cair de uma hora para outra, por causa de uma mudança no mercado financeiro. E o herdeiro pode ficar sem quase nada. Esta última crise que se abateu sobre o mundo é prova disso. Além disso, o testamento também pode ser contestado por outros herdeiros. O mesmo, porém, não se pode dizer da herança celestial. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz. E o que ele diz? O Espírito Santo diz que somos herdeiros de uma herança incorruptível. Não está sujeita a corrosão, rachaduras, destruição. Aleluia! Ele diz que somos herdeiros de uma herança sem mácula. A sua pureza jamais será ofuscada. Ele diz que somos herdeiros de uma herança imarcescível. Nunca sofrerá variações quanto ao seu valor, a sua glória e a sua beleza. Está guardada no cofre celestial. Mas não é apenas a herança que está guardada: os seus herdeiros também estão. Aqui na terra um herdeiro pode morrer antes de receber a sua herança. Mas o poder de Deus protege os herdeiros da herança celestial para que eles a desfrutem. Ele, o próprio Espírito que testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus, nos diz, por meio do apóstolo Pedro, que nós, os herdeiros dessa herança celestial somos guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, "para a salvação preparada para revelar-se no último tempo" (I Pe 1:5). Aleluia!

Pois bem, até agora vimos que o Espírito Santo glorifica o salvador da igreja, promove a vitória da igreja e destaca a herança da igreja. Vejamos a quarta atuação do Deus que vive na igreja.

4. O ESPÍRITO SANTO GARANTE A SALVAÇÃO DA IGREJA

Veja o que está dito no versículo 23: “E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo”. Este texto trata dos gemidos dos filhos de Deus. Antes, no versículo 22, Paulo se referiu aos gemidos da criação de Deus: “Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora”. Um pouco mais adiante, no versículo 26, Paulo se refere aos gemidos inexprimíveis do Espírito Santo. Temos, então, um tríplice gemido: o gemido da criação, o gemido dos filhos de Deus e o gemido do Espírito Santo. A palavra “ela”, que aparece no início do versículo 23, é uma referência à criação, que, de acordo com o versículo 20a, está sujeita à vaidade, isto é, a desordem, a inutilidade e a frustração. Ela, a criação, não está assim por escolha própria, isto é, não voluntariamente, “mas por causa daquele que a sujeitou” (v. 20b). Aqui se faz alusão ao juízo de Deus, que recaiu sobre a criação após a queda de Adão. A terra foi amaldiçoada por causa dele (Gn 3:17-18). “O pecado trouxe distorção não só no relacionamento do homem com Deus, mas em todo o universo em que ele vive”. As consequências do primeiro pecado humano não foram apenas de natureza espiritual, emocional e relacional: foram também de natureza ecológica. Ele afetou toda a criação com os seus seres animados e inanimados.

Mas vamos voltar nossa atenção agora apenas para o versículo 23. Existe, nele, uma expressão muito significativa: “... primícias do Espírito”. As primícias eram, ao mesmo tempo, “o início da colheita e a garantia de que no devido tempo viria a colheita completa”. Elas confirmavam que o restante da colheita estava a caminho. Ao usar esta expressão, primícias do Espírito, “talvez Paulo tivesse em mente o fato de que foi exatamente durante as Festas das Semanas, o festival (que em grego se chama ‘Pentecostes’) no qual se comemorava a ceifa dos primeiros frutos, que o Espírito Santo foi concedido”.

Assim como um punhado de grãos maduros é uma promessa da colheita que virá também o Espírito Santo é a garantia da redenção vindoura ou da salvação completa. No início de sua carta aos Efésios, Paulo afirma esta mesma ideia de outra forma. Lá, ele diz que Espírito Santo “é o penhor da nossa herança” (Ef 1:14a). Penhor é um pagamento prévio, a primeira prestação, uma garantia, um sinal, um depósito que assegura que a quantia toda será paga depois. Hoje, a igreja que “Cristo amou e a si mesmo se entregou por ela para a santificar” (Ef 5:25b-26a), que é pastoreada por pecadores e composta por pecadores, ainda possui muitas imperfeições. Mas ela será perfeita, resplandecente, esplêndida, toda bela, toda gloriosa, sem mancha ou qualquer outro defeito, outra deformação, santa e imaculada, santa e perfeita, santa e irrepreensível. Quem garante isto? O Espírito Santo, que nela atua. Ele é essa própria garantia.

Jesus Cristo nos comprou para a si mesmo e deu-nos o Espírito Santo como uma primícia ou garantia de que a redenção, que maravilhosamente começou com a justificação e que continua com a santificação, será completada com a glorificação, quando seremos libertos da presença do pecado. Aleluia! Ele é a garantia de que o Deus de toda a graça, que “em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá” (I PE 5:10). Ele é a garantia de que “aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1:6). Então, o sonho de uma igreja perfeita deixará de ser sonho para ser uma maravilhosa realidade: “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22:20).

Já vamos tratar da última atuação do Espírito Santo na igreja. Já vimos que ele glorifica o seu salvador, promove a sua vitória, destaca a sua herança e garante a sua vitória. Vamos à sua última atuação.

5. O ESPÍRITO SANTO ASSISTE A FRAQUEZA DA IGREJA

No versículo 26: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis”. O pequeno verbo “assistir” é tradução de um grande verbo grego. Significa “estender junto a mão, ao mesmo tempo que alguém, ajudar, vir em auxílio de alguém”. A assistência do Espírito Santo é necessária por causa da nossa fraqueza, que é devida não apenas à carne em si, mas também ao pecado que continua a habitar nela (Rm 7:18). Por obscurecer o nosso entendimento, o pecado impede que tenhamos um conhecimento perfeito da vontade e do propósito de Deus. É por essa razão que não sabemos orar como convém. Em suas cartas à igreja, Paulo faz várias alusões a sua própria oração pela igreja do Senhor. Todas as suas cartas, exceto a endereçada a Tito, contêm, pelo menos, uma oração. Mas apenas aqui, nesta carta, Paulo admite que também não sabe orar como convém. Não é um recém-convertido a Cristo que está admitindo não saber orar como convém: é Paulo.

Pode parecer estranho que um homem da estatura espiritual de Paulo admita não saber orar direito. Mas a sua admissão faz sentido. Quando orou por três vezes para Deus tirar o espinho da sua carne, ele não orou como convém. Tudo faz crer que sua opinião era de que a remoção do espinho o faria uma testemunha mais poderosa em Cristo. Mas estava equivocado! Mas Paulo não admite apenas que não sabemos orar como convém. Ele também admite que o Espírito, que nos assiste em nossa fraqueza, intercede por nós sobremaneira. Nós não sabemos orar como convém, mas ele sabe. O Espírito Santo supre a nossa falta de ciência na oração. Os filhos de Deus têm dois intercessores divinos: Cristo e o Espírito Santo. Cristo é o seu intercessor nas cortes celestiais. O Espírito Santo, por sua vez, é o seu intercessor na terra.

A intercessão de Cristo acontece fora de nós, a do Espírito Santo, dentro de nós, isto é, em nosso próprio coração. Aleluia! A intercessão do Espírito Santo por nós é feita com gemidos inexprimíveis, que simplesmente não se expressam em palavras. Essa intercessão do Espírito Santo expressa em gemidos é sempre eficiente. Jamais falha! O fato de não ser expressa por palavras não a torna, de modo algum, infrutífera. Assim está escrito no versículo 27: “... aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos”.

Primeiro, a intercessão do Espírito Santo é eficiente porque quem a faz é o Espírito Santo. Muitas vezes não nos damos conta da presença de um adjetivo, depois da palavra Espírito, o adjetivo “santo”. Essa palavra significa, com efeito, que o Espírito que atua na igreja é santo. O nosso intercessor é perfeito. No seu caráter não há pecado, perversão, corrupção. Ele é santo!

Segundo, a intercessão do Espírito Santo é eficiente porque é dirigida àquele que sonda os corações e sabe qual é a mente do Espírito. Ainda que não entendamos o que o Espírito está pedindo, Deus compreende, porque ele sabe qual é a intenção do Espírito.

Terceiro, a intercessão do Espírito Santo é eficiente porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos. Ao contrário das nossas orações, as feitas pelo Espírito Santo coincidem plenamente com a vontade de Deus. Com frequência, nos sentimos perdidos e confusos em nossa vida de oração. O problema não é que não saibamos orar, mas que as nossas fraquezas são tais que não sabemos pelo que orar. Mas não estamos sozinhos. Temos o Espírito Santo, o Deus que atua na igreja. Ele nos assiste em nossas fraquezas. Ele estende a mão em nossa direção para nos ajudar. O Espírito Santo, que mora em nós, não é somente a primícia, a garantia da vida futura. Ele também é participante em nossa vida presente. Ele intercede por nós! Aleluia.

CONCLUSÃO

Uma igreja que tem em si o Espírito Santo, o Deus que é missionário, imprevisível, glorioso, misterioso e imparcial, que, em sua atuação, glorifica o seu salvador, promove a sua vitória, destaca a sua herança, garante a sua salvação e assiste a sua fraqueza, não tem outra coisa a fazer, senão levantar as suas mãos para o alto e dizer, em alto e bom som:

“Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justi¬fica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. (Rm 8:31-39)

Amém!

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BIBLIOGRAFIA

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