Noé prega juízo de Deus àquela sociedade corrompida de sua época

Ilustração de Noé pregando ao povo sobre o juízo de Deus em breve

Ao ver como a terra se corrompera, pois toda a humanidade havia corrompido a sua conduta, Deus disse a Noé: Darei fim a todos os seres humanos, porque a terra encheu se de violência por causa deles. Eu os destruirei com a terra. (Gn 6:12-13 - NVI)

Questionado sobre seu retorno à terra e o fim do mundo, Jesus citou vários sinais que iriam acontecer e concluiu, dizendo: Como foi nos dias de Noé, assim também será na vinda do Filho do homem. Pois nos dias anteriores ao dilúvio, o povo comia e bebia (...) até o dia em que Noé entrou na arca (Mt 24:37-38). Com essas palavras, ele confirmou que o dilúvio realmente aconteceu e nos mostrou o valor de estudarmos aqueles “dias anteriores ao dilúvio”, quando toda a terra, com exceção de Noé e sua família, foi corrompida.

Analisando o relato bíblico

1. A civilização que foi destruída no dilúvio

A civilização perversa que foi dizimada pelas águas nasceu em Caim. Dê uma olhada em Gênesis 4:16-24. Nesse texto, vemos que, após matar seu irmão, ele se mudou para um lugar chamado “Node”, que não era distante geograficamente, mas era longe da presença do Senhor (v.16). Caim fundou, ali, uma cidade, e, de sua descendência, nasceu Jabal, o pai dos que habitam em tendas e criam gado. Nasceram também Jubal, o inventor de instrumentos musicais, e Tubalcaim, que fez instrumentos cortantes de ferro e cobre.

Assim, surgiam, de forma embrionária, a política (devido à cidade), a pecuária, a arte, a construção, a indústria, a ciência, etc. Essa é a civilização mais antiga de que se tem notícia! Mas, infelizmente, construída longe de Deus e independente dele. Por isso, ela é marcada pela violência e pela lei do mais forte, pela promiscuidade e pela devassidão (Gn 4:24-25). Era uma sociedade que tinha tudo; era um sucesso em proezas e realizações; porém, era moralmente um fracasso. À medida que o ser humano desenvolvia-se, mais notável era o progresso do pecado. Como um câncer, o mal se alastrava.

A promessa de um salvador (Gn 3:15) parecia não fazer mais sentido, já que Abel estava morto e Caim estava longe de Senhor. Todavia, Deus é soberano! Ele tudo pode e nenhum dos teus planos é frustrado (Jó 42:2). Então, o Criador concedeu a Adão e Eva outro filho, e a esperança ressurgiu! Nasceu Sete, que substituiu Abel na verdadeira adoração. Conforme vemos no capítulo 5, Sete surge em uma linhagem piedosa, composta de homens santos, entre os quais se destaca Enoque, que andou com Deus e então, já não foi mais encontrado, pois Deus o havia arrebatado (Gn 5:24).

Por certo tempo, estabeleceram-se duas linhagens: A linhagem maligna de Caim e a linhagem piedosa de Sete. Entretanto, a condição moral, em todo mundo, continuava extremante decadente, e essa situação se agrava no capítulo 6 de Gênesis, quando os “filhos de Deus” se casaram com as “filhas dos homens”. Seriam esses casamentos de anjos com seres humanos? Certamente, não! O sentido indicado pelo contexto é a corrupção dos descendentes de Sete, ao se casarem com mulheres ímpias e descendentes de Caim.

Já não havia mais nenhuma diferença entre eles. Desse modo, o pecado atingiu o seu grau máximo e a maldade se alastrou por toda terra. A conclusão bíblica é esta: A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência (v.11), ou, como lemos na Bíblia Viva: Isto cortou o coração dele!. “O cenário para o dilúvio estava pronto”. Então, o Senhor decidiu: Destruirei, de sobre a face da terra... (v.7). A expressão “destruirei” significa, literalmente, “apagar”, como se faz com a borracha ou apagador. Hoje, diríamos que Deus queria “deletar” aquela civilização maldita. Como isso aconteceu?

2. O dilúvio que destruiu aquela civilização

É impossível tratar sobre dilúvio sem mencionar Noé, pois ele se destacava em meio à depravação total de sua sociedade. Ele brilhou como um farol em meio às trevas! Em meio àquela civilização corrompida, ele era diferente e, por isso, encontrou graça aos olhos do Senhor (Gn 6:8). “Que tipo de pessoa era Noé? Ele era o tipo de pessoa que você e eu devemos ser ao viver em nosso mundo de hoje”. Sua história pode ser resumida em poucas palavras: era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos (Gn 6:9a). Qual o segredo de Noé? A resposta é simples e magnífica: Ele andava com Deus (Gn 6:9b). Certa vez, o Senhor lhe disse: Vou mandar um dilúvio para cobrir a terra, a fim de destruir tudo o que tem vida (...). Mas com você eu vou fazer uma aliança (Gn 6:17-18 – NTLH).

Ele recebeu uma missão: deveria fazer uma grande arca, para que, quando viesse o dilúvio, ele e sua família estivessem seguros e também fossem salvas todas as espécies de animais que pudessem se afogar nas águas. Noé obedeceu a todas as orientações dadas por Deus, relacionadas ao material, às medidas e à construção. A obra era monumental! A arca media 135m de comprimento, 22,5 m de largura e 13,5m de altura. Devido a seu fundo achatado, ela tinha grande capacidade de carga e de flutuação.

De acordo com Dr. Henry Morris, [MORRIS, Henry. Criação ou Evolução. São Paulo: Fiel, 1979.], considerando os três andares que possuía, ela tinha o tamanho suficiente para abrigar o conteúdo de 522 vagões ferroviários modernos. Isso significa que, na arca, havia espaço para mais de 120.000 animais e alimento para todos; ainda sobraria espaço para os seres humanos que se convertessem. Note que tudo foi construído longe do mar e num tempo que ainda não chovia (Gn 2:5-6). O escritor de Hebreus diz o seguinte: Pela fé Noé, quando avisado a respeito de coisas que ainda não se viam, movido por santo temor, construiu uma arca para salvar sua família (Hb 11:7 NVI).

Seus contemporâneos devem ter achado tudo uma grande piada, afinal, Noé passou anos construindo um barco enorme, no quintal de sua casa, sob um céu azul e límpido. Certamente, Noé escutou todo tipo de deboches e críticas. Mas ele não deu ouvido, simplesmente, obedeceu a Deus. Quando ele terminou, Deus falou para que ele, sua família e os animais entrassem na arca. Ele, mais uma vez, obedeceu.

Então, o Senhor fechou a porta da arca e abriu a comporta do céu! Todas as fontes do abismo jorravam águas e houve copiosa chuva sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites (Gn 7:11-12). Este foi o juízo de Deus para aquela civilização perversa. Ele já havia dado mais de um século para que os pecadores se arrependessem, mas, agora, era tarde demais. Assim, todos os seres humanos, exceto Noé e sua família, foram exterminados da face da terra. E quanto a nós, hoje? Nós também vivemos numa terra corrompida, prestes a ser destruída, e precisamos seguir o exemplo de Noé.

Aplicando o conhecimento bíblico

1. A exemplo de Noé, devemos fazer a diferença.

Noé era um homem justo e integro (Gn 6:9). O que é ser justo? É ser um pecador em dia com Deus! O que é ser integro? É ser irrepreensível no caráter e correto diante dos homens. Embora os demais descendentes de Sete tivessem se misturado com os descendentes de Caim e se corrompessem, Noé escolheu manter-se fiel. Ele remou contra a maré e fez a diferença em sua geração. O tempo em que vivemos não é diferente. Portanto, não podemos nos conformar com este mundo (Rm 12:1-2). Jesus espera que sejamos sal e luz em nossos dias (Mt 5:13-16).

2. A exemplo de Noé, devemos andar com Deus.

Noé foi considerado perfeito no meio da sua geração. Qual era o seu segredo? Ele andava com Deus (Gn 6:9). Andar com Deus significa andar na mesma direção de Deus. Assim diz o profeta: ...andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo? (Am 3:3). Trata-se de um processo de comunhão e amizade com o Senhor, fruto de uma escolha. Andar com Deus “significava conhecê-lo. Conhecer a Deus significava amá-lo. Amá-lo significava ouvir. Ouvir, obedecer”. Não vivemos, hoje, em condições semelhantes às de Noé? Por que devemos andar com Deus? Porque é só em sua companhia que podemos ser justos em uma terra corrompida.

3. A exemplo de Noé, devemos pregar a palavra.

O apóstolo Pedro chamou Noé de “pregador de justiça” (II Pe 2:5) ou aquele que anunciou que todos deveriam obedecer a Deus (NTLH). De acordo com um artigo da revista Ultimato, [Revista Ultimato. Edição 306: Maio-Junho 2007.], a pregação de Noé era tríplice: “... ele pregava por meio de seu estilo de vida (era justo e íntegro), por meio da construção da arca (levava Deus a sério) e por meio da palavra (não se calava)”. Nos dias de Noé, o mundo foi destruído com água, mas, agora, será destruído com fogo (II Pe 3:3-7), e cabe-nos, hoje, pregar o evangelho (Mt 28:19; Mc 16:15). Somos pregadores da justiça, no século 21, e não podemos nos calar.

Concluindo

O relato do dilúvio não é simplesmente um fato histórico; é, também, uma evidente mensagem de alerta para o mundo de hoje, que está tão cheio de violência e perversidade e tão sujeito ao castigo de Deus como o mundo em que viveu Noé. Notemos o aviso do Mestre, que, em seu sermão profético, denunciou a maldade e o desinteresse da geração dos últimos dias pela palavra: ...assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem (Mt 24:37). Que, a exemplo de Noé, façamos a diferença, andemos com Deus, e preguemos a palavra, nestes dias que restam, antes do juízo final.

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