Japão procura sobreviventes em meio a cenário devastador

Destruição dificulta resgate e ajuda humanitária, enquanto problema em usina cria tensão sobre possível ameaça nuclear
O governo do Japão mobilizou milhares de militares e bombeiros na busca por sobreviventes do terremoto seguido de tsunami que devastou a costa noroeste na sexta-feira. Operações de resgate aconteceram durante todo o sábado e seguem madrugada adentro (no horário local) em cidades onde o cenário é impressionante: prédios destruídos, árvores caídas e ruas tomadas por lama, carros, barcos e até pequenos aviões.
Criança é resgatada pelos bombeiros de prédio que desabou em Kesennuma (12/03)
Criança é resgatada pelos bombeiros de prédio que desabou em Kesennuma (12/03)

Equipes de resgate usaram botes para passar por áreas inundadas, buscando sobreviventes em um mar de destroços. Segundo autoridades, a maior parte das mais de 600 mortes registradas até agora foi causada por afogamento, após ondas gigantes arrastarem carros e casas nas cidades costeiras.
"O tsunami foi incrivelmente rápido", disse Kpichi Takairi, 34 anos, morador da cidade de Sendai, a mais próxima do epicentro do terremoto e uma das mais afetadas pelas ondas gigantes. "Carros eram arrastados à minha volta. Tudo o que pude fazer foi ficar sentado no meu caminhão", afirmou, em entrevista à agência Associated Press.
Na tentativa de impedir que o número de vítimas aumente, bombeiros sobrevoam extensas áreas do país em helicópteros tentando controlar incêndios em complexos industriais e casas de madeira.
O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, afirmou que 50 mil militares atuam nos esforços de resgate e reconstrução. Dezenas de países também ofereceram colaboração nos trabalhos humanitários.

Desde o terremoto, mais de 1 milhão de domicílios estão sem água, a maioria na região nordeste do país. Quatro milhões de edifícios não têm energia, e em Sendai os serviços de telefonia também foram comprometidos.
A polícia afirmou que mais de 215 mil pessoas estão vivendo em 1.350 abrigos temporários, mas a ajuda mal começou a chegar a muitas áreas. "Tudo o que temos para comer são biscoitos e arroz", afirmou Noboru Uehara, 24 anos, um motorista de caminhão que vive em Iwake. "Tenho medo de a comida acabar."

Ameaça nuclear

Entre as principais preocupações dos japoneses está a possibilidade de um vazamento nuclear na usina de Fukushima 1, a cerca de 250 quilômetros de Tóquio. Neste sábado, a prefeitura da província que leva o mesmo nome da usina afirmou que três pessoas foram expostas à radiação, mas não apresentam problemas de saúde. Elas teriam sido expostas à radiação enquanto esperavam para ser retiradas de área próxima à usina.

As autoridades ampliaram a zona de isolamento de 10 km para 20 km em torno de Fukushima 1, após uma explosão destruir as paredes de um edifício da usina e deixar quatro funcionários feridos.
Apesar do temor, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que o risco para a saúde pública do vazamento parece ser "muito baixo". Ainda assim, a OMS ressaltou que peritos médicos estão prontos para ajudar se forem solicitado.
Forças de Segurança retiram moradores ilhados, Ishomaki, após terremoto e tsunami
O porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, afirmou que a explosão foi causada pela liberação de ar e vapor radioativos, medida tomada para tentar reduzir a pressão sobre os reator, que não foi danificado. Segundo Edano, após a explosão a pressão de fato diminuiu, assim como o nível de radiação no local.

A liberação de ar e vapor foi necessária por causa de falhas no sistema de resfraimento de duas usinas - a Fukushima 1 e a Fukushima 2. Os reatores de ambas foram desligados após o terremoto, mas mesmo após o desligamento é necessário dissipar o calor produzido pela atividade nuclear.

O chefe do Programa de Política Nuclear para a Paz Internacional da Carnegie Endowment, Mark Hibbs, disse que as autoridades japonesas estão trabalhando "furiosamente" para esfriar o núcleo dos reatores, e que teriam começado a usar água do mar. "Esse é um sinal de como a situação é séria e de como os japoneses tiveram de recorer a soluções improvisadas", afirmou.
Reiko Takagi, moradora de região próxima à usina, disse que os estragos nas rodovias dificultam as tentativas de deixar o local. "Todo mundo quer ir embora, mas as estradas estão terríveis", afirmou, em entrevista à AP. "É muito perigoso ir para qualquer lugar."

Réplicas

Em meio à tensão provocada pela explosão, um forte terremoto de 6,4 graus de magnitude atingiu a região de Fukushima, onde está localizada a usina.
De acordo com o Instituto de Geofísica dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), o epicentro do tremor foi a 84 km da província e aconteceu às 22h15 (horário local), a 35 km de profundidade.
Não há informações de vítimas ou danos causados pelos tremor, que é reflexo do abalo que atingiu o país na sexta-feira. Segundo a agência japonesa Kyodo, desde a tarde de sexta-feira mais de 135 tremores já foram registrados no Japão.

Maior tremor da história do Japão

De acordo com o Instituto de Geofísica dos Estados Unidos (USGS), o terremoto de 8,9 graus de magnitude é o maior já registrado na história do Japão e o 7° maior da história.
Até hoje, o mais forte terremoto do Japão tinha acontecido em 1933. Com 8,1 graus de magnitude, o tremor atingiu a região metropolitana de Tóquio e matou mais de 3 mil pessoas.
Os tremores de terra são comuns no Japão, um dos países com mais atividades sísmicas do mundo, já que está localizado no chamado "anel de fogo do Pacífico".
O país é atingido por cerca de 20% de todos os terremotos de magnitude superior a 6 que acontecem em todo o planeta.

Imagens do Japão



Fonte: IG Com AP, EFE e BBC

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