Quando o Povo de Deus se Reúne e Serve ao Senhor com Temor

Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos nele com tremor. (Sl 2:11)
O mundo define grandeza em termos de poder. Por isso, desde cedo, aprendemos a competir. Queremos os melhores lugares, as maiores posições, os melhores salários, o melhor carro, a melhor casa. Para chegar ao poder, muitos jogam sujo, trapaceiam, armam esquemas, burlam regras, compram votos, etc. Todavia, devemos lembrar que esse “desejo de grandeza” não é privilégio do nosso tempo. Tiago e João, discípulos de Jesus, também se sentiram tentados a andar no caminho ilusório do poder (Mc 10:35-37). Daí, o mestre dos mestres mostrou-lhes qual o verdadeiro caminho para a grandeza: Qualquer que entre vós quiser ser grande, será o que vos sirva (Mc 10:43).

Ser “grande”, para Jesus, está relacionado com “servir”. “Deus avalia a nossa grandeza pela quantidade de pessoas que servimos, não pela quantidade de pessoas que nos servem”. [1]
É bem possível que algo em torno de sessenta milhões de homens, mulheres e crianças, viviam na servidão, em todo o Império Romano. Os escravos eram considerados bens particulares, ferramentas, como machados e enxadas. Por isso, os cristãos dos primeiros séculos da história do cristianismo sabiam muito bem o que era ser servo de alguém, e qual a relação que devia haver entre o servo e seu senhor. Era difícil pensar algo de bom ou positivo relacionado à servidão. Todavia, a Bíblia diz que aqueles que receberam Jesus são servos. Antes de sermos alcançados pelo evangelho, éramos todos servos do pecado (Rm 6:16), e, uma vez aceitando o evangelho, nós nos tornamos servos de Deus (v. 22). Isso significa que, agora, servimos em sinal de gratidão a um Senhor que nos tornou livres da escravidão do pecado.
Você foi chamado não para ser visto, mas para servir a Deus! Lembre-se disto, quando for retirar uma oferta, cantar um louvor, pregar a palavra, ministrar a lição, etc.
O chamado do servo: O serviço faz parte do culto a Deus. Fomos criados, salvos e chamados para servi-lo! A Bíblia diz que recebemos uma nova vida da parte de Cristo Jesus para que realizássemos as boas obras (Ef 2:10 – NBV). Essas boas obras estão relacionadas com o serviço a Deus. Sempre que servimos as pessoas, estamos servindo a Deus2 (Cl 3:23-24). Outro texto que confirma que recebemos uma nova vida para que sirvamos a Deus é 2 Timóteo 1:9. Ali, Paulo diz a Timóteo: Foi ele quem nos salvou e nos chamou para o seu santo trabalho (NBV). Você foi chamado não para ser visto, mas para servir a Deus! Lembre-se disto, quando for retirar uma oferta, cantar um louvor, pregar a palavra, ministrar a lição, etc.
Nós pertencemos a Cristo Jesus, que foi ressuscitado para que nós possamos viver uma vida útil no serviço a Deus (Rm 7:4 – NTLH). O resultado da nossa união com Cristo deve ser uma vida santificada. Todos nós fomos chamados pelo Senhor, independentemente do lugar e do tempo. Cada um foi chamado para servir. Agora, servimos a um Senhor que é digno de ser servido. O ensino da palavra de Deus é o seguinte: ... assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para a maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação (Rm 6:19). Fomos comprados por alto preço, glorifiquemos a Deus (1 Co 6:20). Que, ao invés de ambição egoísta ou vaidade (Fp 2:3), haja serviço a Deus com temor em nosso meio, quando nos reunirmos para adorá-lo.
A prontidão do servo: Uma das características do servo consiste em estar sempre de prontidão. “Estar de prontidão” significa estar preparado para agir a qualquer momento, se necessário. Uma das coisas que Deus pediu a Israel, já no início da conquista da terra prometida, foi: ... que ameis ao Senhor vosso Deus (...) e o sirvais com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma (Js 22:5 cf. Dt 10:12; Mq 6:8). Portanto, agora, da mesma forma, Deus quer que o sirvamos com dedicação e amor. Porque para isso fomos chamados. E devemos fazê-lo com prontidão. Você está disposto a adorar a Deus, servindo-o a qualquer momento?
Quando é convidado para realizar alguma tarefa na igreja, qual a sua reação? Você é como o soldado que, quando está servindo, quer agradar o seu comandante e por isso não se envolve nos negócios desta vida (2 Tm 2:4 –NTLH)? O compromisso do soldado é estar sempre em prontidão para servir o comandante. Você está sempre pronto para servir a Cristo, onde quer que você esteja? Reunir-se com os irmãos para cultuar a Deus e dedicar tempo especial para estar a sós com ele tem sido um peso para você? “Ser servo significa desistir do direito de controlar a sua agenda e permitir que Deus a interrompa sempre que precisar”. [3] A noite vem quando ninguém pode trabalhar (Jo 9:4). Enquanto é dia, sirva ao Senhor com prontidão!
O exemplo de servo: Em se tratando de servir, Jesus é o melhor exemplo que podemos ter. Olhando ele, sentimo-nos envergonhados, pois, quando solicitados a fazer algo pela causa de Deus, não hesitamos em apresentar desculpas para não servir. A Escritura afirma que Jesus, sendo em forma de Deus não teve por usurpação o ser igual a Deus mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo (Fp 2:6-7). Da Escritura, temos mais esta sentença: De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus (Fp 2:5).
Um dos mais destacados exemplos de Jesus, durante sua passagem entre os homens, foi, sem dúvida alguma, aquele que deu diante dos seus discípulos, na noite em que celebrou a ceia (Jo 13:4-5). A atitude adotada por ele de lavar os pés de seus discípulos foi decisiva para desmontar toda e qualquer pretensão alimentada por eles, até ali, sobre quem seria o maior. Essa atitude foi complementada pelas palavras: Porque eu vos dei o exemplo para que assim como eu vos fiz façais vós também (...). Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes (Jo 13:15-17). Jesus agiu como servo, assim também devemos fazer. Por isso, no culto individual ou coletivo ou ao realizar qualquer outra atividade no corpo de Cristo, tenha a atitude de servo. Faça como Jesus faria.
A discrição do servo: O servo do Senhor é modesto e despretensioso; não se gloria do que faz. Não é de seu feitio enaltecer suas próprias qualidades. Não faz tocar a trombeta, quando faz algo digno de elogio. Seu objetivo é fazer o bem, sem lhe importar onde, quando e a quem. Jesus condenou o comportamento de determinada classe de indivíduos, que se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens (Mt 6:5). Para Jesus, esse tipo de conduta precisa ser evitado. Não haverá galardão para quem age assim.
O servo do Senhor age discretamente e com temor. Enfatizando a importância da discrição nas atitudes do crente, Jesus observou: Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua direita; para que a tua esmola seja dada ocultamente; e teu Pai, que a vê em segredo, te recompensará publicamente (Mt 6:3-4). Portanto, basta que Deus, em cujo nome o benefício foi feito, saiba, pois é dele que vem o galardão. O serviço com discrição é um culto secreto de que Deus muito se agrada. Quando nos reunirmos para a adoração coletiva, devemos ser para ele essa oferta agradável de corações despretensiosos, de filhos que estão dispostos a servi-lo sempre.
O altruísmo do servo: O servo é altruísta. Mas o que é altruísmo? É a qualidade daquele que se preocupa com o bem-estar dos outros. O altruísmo é caracterizado pela boa-vontade demonstrada por uma pessoa em relação às demais. O altruísta não consegue ver alguém necessitado e ficar de braços cruzados, sem nada fazer para atender à sua necessidade. Assim, serve a Deus e aos filhos de Deus. Da mesma forma como se esforça para cuidar do seu próprio bem, o servo altruísta cuida também do seu próximo. O samaritano descrito em Lc 10:25-37 é um bom exemplo disso.
A vida cristã só tem sentido quando os bens materiais e espirituais de uma pessoa forem, de alguma forma, partilhados com outrem (Hb 13:16). Assim viviam os membros da igreja primitiva (At 2:42). Assim devemos viver: ... sede, antes, servos uns dos outros (Gl 5:13). E mais: ao servirmos uns aos outros, devemos ter como motivação o amor (Gl 5:13b). O “amor é o princípio divino que deve guiar os nossos relacionamentos” [4] e o nosso serviço a Deus e ao próximo. Nosso culto só será verdadeiro se for motivado pelo amor.
A fidelidade do servo: O verdadeiro servo é aquele que serve com temor. Ele não tem medo, mas tem o devido cuidado para não ofender ou desagradar o seu Senhor. Esse é o temor que induz à fidelidade. Paulo vê no bom soldado que foi alistado para a guerra o exemplo do servo fiel. Por isso, diz a Timóteo: Sofre pois, comigo as aflições como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra (2 Tm 2:3-4). A única preocupação dos soldados é agradar aquele que os chamou para a batalha.
Deus tem grandes coisas para serem feitas, e quer fazê-las através de nós ou com a nossa colaboração. Executar essas tarefas constitui um privilégio, pois nada pode ser mais gratificante do que colaborar com Deus na realização de qualquer serviço. É a adoração que lhe prestamos. Para isso, o crente foi chamado. Deus quer que sejamos fiéis e lhe ofereçamos um culto verdadeiro. Normalmente, quem é fiel no pouco também é fiel no muito (Lc 16:10). A fidelidade independe do tamanho da tarefa.
PRATICANDO A PALAVRA DE DEUS
1. Quem serve ao Senhor, precisa sempre de humildade.
Reunido em Mileto, quando se despediu da igreja e dos presbíteros daquela região, o apóstolo Paulo falou do serviço que desenvolveu na Ásia e de como se comportou no desempenho desse serviço. Ali esteve servindo ao Senhor com toda a humildade (At 20:19). E não foi fácil para ele o serviço que fez para o Senhor, naquela região. Esse serviço lhe exigiu muitas lágrimas, pois esteve envolvido em tentações e sujeito a muitas ciladas, como ele mesmo declarou. Mas Paulo seguia o exemplo de Cristo (Mt 11:28). Não estava fazendo nada para se autopromover, mas tudo para a glória de Deus. Ao lermos o capítulo 21 de Mateus, concluímos não ter sido nada fácil também para Jesus tomar a decisão de vir a este mundo, que muitos dos servos de Deus (os profetas), que vieram antes dele, foram perseguidos, torturados e mortos (vv. 34-36). Apesar disso tudo, ele não se intimidou. Numa atitude de renúncia, veio à terra e cumpriu prontamente a missão que lhe foi confiada. Os adoradores servos não escolhem tarefas. Seu maior prazer é servir. Foi isto o que Jesus fez: ...aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens (Fp 2:7). Isso é adorar de verdade. Você tem agido assim? Recebe um convite para trabalhar nos bastidores de um culto com o mesmo entusiasmo que recebe um convite para estar à frente?
2. Quem serve ao Senhor, precisa sempre de compaixão.
Nós provamos o nosso amor para com Deus, quando amamos e nos compadecemos dos nossos irmãos. Neste particular, Jesus também foi exemplo. Inúmeras vezes, o evangelho registra a ocorrência desse sentimento nele: Mt 9:36; 14:14; 18:27; Mc 6:34; Lc 7:13; 10:33. Disso trataram também os apóstolos: Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos (Ef 4:32). E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, cheios de amor fraternal, misericordiosos, humildes (1 Pd 3:8). Esse é o sentimento do evangelho. Em Filipenses 2:4, lemos o seguinte: Cada um não se preocupe somente com o que é seu, mas também com o que é dos outros. “No mundo, cada um cuida primeiro de si, pensa somente em si, e seu olhar está atento somente aos seus próprios interesses. Os interesses dos outros estão fora de seu verdadeiro campo de visão”. [5] Todavia, na reunião do povo de Deus, entre os servos de Cristo, pode e deve ser diferente. Os verdadeiros servos pensam mais nos outros do que em si mesmos. O serviço que prestamos a Deus não pode ser em causa própria. Servir para que os outros gostem de nós, para sermos admirados, para alcançarmos os nossos objetivos é manipulação, não serviço! [6] Precisamos sempre vigiar as nossas intenções para não servirmos com carnalidade (Gl 5:13ª).
3. Quem serve ao Senhor, precisa sempre de exultação.
Servi ao Senhor com alegria e apresentai-vos a ele com canto (Sl 100:2). Este é o apelo que temos da parte de Deus. Aliás, cantar é a reação mais comum manifestada por aquele que está alegre. Tiago ensina: Está alguém alegre? Cante louvores (Tg 5:13). O salmista convida: Vinde, cantemos ao Senhor, cantemos com júbilo à rocha da nossa salvação. Apresentemo- nos ante à sua face com louvores, e celebremo-lo com salmos (Sl 95:1-2). Não é difícil servir ao Senhor, quando o que fazemos para ele é feito com alegria. É assim que estamos servindo ao Senhor? Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém (Zc 9:9). Alegria e exultação são duas coisas que caracterizam muito bem o comportamento do crente. A palavra exultar parece indicar o estado emocional que leva uma pessoa a gritar e saltar de alegria (At 3:8). Então, a exultação é a alegria no seu mais alto grau de intensidade. Aliás, a “Nova Bíblia Viva” traduz a palavra “exultar”, de Zc 9:9, por “gritar”. A Escritura recomenda: Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração (Ef 5:19 20). É assim que o crente deve servir a Deus: de maneira alegre e exultante.
CONCLUSÃO
Este estudo nos fez lembrar que, antes de sermos alcançados pelo evangelho, éramos todos servos do pecado (Rm 6:16). Aceitando o evangelho, nós nos tornamos servos de Deus (v. 22). Isso significa que continuamos como servos, mas agora temos um novo Senhor a quem devemos servir em sinal de nossa gratidão, por nos ter libertado da escravidão do pecado. A ele, devemos servir com alegria, com temor, com prontidão, com discrição, com altruísmo, com fidelidade, com humildade, com compaixão, com exultação. É assim que estamos servindo ao nosso Deus? Assim seja.

Bibliografia:
1. WARREN, Rick. Uma vida com propósitos. São Paulo: Vida, 2003. Pág. 222
2. WARREN, Rick. Uma vida com propósitos. São Paulo: Vida, 2003. Pág. 197 
3. WARREN, Rick. Uma vida com propósitos. São Paulo: Vida, 2003. Pág. 223
4. GETZ, Gene A. Um por todos, todos por um. Brasília: Palavra, 2006. Pág. 96 
5. LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. São Paulo:Hagnos, 2007. Pág. 116
6. WARREN, Rick. Uma vida com propósitos. São Paulo: Vida, 2003. Pág. 229

DEC - PCamaral

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