Não somos nobres

Esta postagem não é um artigo, mas um desabafo.

Por Ruy Cavalcante

Estou cada dia mais triste com a situação em que se encontra a igreja cristã, especialmente no Brasil. Vivemos um momento onde a exortação passou a ser considerada obra da carne, onde a simples consulta ao texto bíblico, para fins de confirmação de uma pregação ou de algum ensino, é considerada uma afronta contra o Reino de Deus.

Não se pode questionar quem está sobre o púlpito, pois o simples fato de estar lá significa que se trata de um "homem ou de uma mulher de Deus", e assim, como políticos brasileiros, gozam de imunidade. Me espanta como não percebem que agir dessa forma (conferindo na bíblia se é verdadeiro o que foi dito) não é ser carnal, mas nobre, assim como foram chamados os irmãos que consultaram a bíblia para confirmar se as palavras de Paulo e Silas (isso mesmo, o apóstolo Paulo!) eram de fato verdadeiras (At 17:11).

Com certeza este é o discurso mais usado (e mais hipócrita) do povo que não aceita ter suas falsas doutrinas (ou de seus "guias") contestadas se relaciona aos conflitos que a verdade gera.

Sempre afirmam algo do tipo: "Você não pode falar isso, pois se está gerando conflitos não é de Deus, você precisa fazer como Jesus, pois Ele sempre falava com amor, carinho e todos gostavam de ouvi-lo, pois jamais criticou ninguém, nem confrontou a ponto de gerar conflitos, antes suas pregações só geravam amor..."

Sinceramente, não sei que bíblia esse povo anda lendo, mas com certeza não é a mesma que disse isso: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia”. (Mt 23:27). “Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?” (Mt 23:33)

“Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens”. (Mt 16:23)

Um dos “amores” que sua pregação gerou foi esse: “Eles, porém, bradavam, dizendo: Crucifica-o! crucifica-o!” (Lc 23:21). “Depois de o terem assim escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e lhe puseram as vestes. Então o levaram para fora, a fim de o crucificarem". (Mc 15:20)

E Jesus certa vez chegou a dizer: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa”. (Mt 10:34-36)

E, para completar, ainda fez isso: “Então Jesus entrou no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores”. (Mt 21:12)

Discurso levinho o de Jesus né? Imagina se eu fizesse metade disso, do que não me chamariam? Por muito menos cansei de ouvir irmãos me chamarem de filho do diabo, desgraçado, enviado de satanás, cobra, víbora, fora outros adjetivos impublicáveis...
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Fonte: Intervalo Cristão compartilhado no PCamaral

Um comentário:

  1. O único consolo é saber que Ele anda por entre os sete castiçais e tem na mão as sete estrelas. Compartilho sua preocupação, alguém tem que gritar contra aquilo que machuca o coração de Deus, mas sei que a oração do justo pode muito em seus efeitos.

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