Jesus Cristo Senhor das Alianças de Deus com os Homens

Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. (Hb 8:6)

O autor do livro de Hebreus não se cansa de enfatizar a superioridade de Jesus. O capítulo 8 é expressivo a esse respeito, quando afirma que o ministério dele é superior ao dos sumo sacerdotes daquela época (vv. 4-6). Estes eram dignos de considerável respeito, afinal, tinham respaldo divino para entrar no Santo dos Santos. Mas Jesus é superior a eles, pois se assentou à direita do trono da Majestade nos céus (v.1). Ele ministra no verdadeiro tabernáculo, que não foi feito por homens (v.2). Logo, Jesus é Senhor! É Senhor do santuário e das alianças!
Nada menos que oito dos treze versículos do oitavo capítulo de Hebreus tratam das alianças. Daí a importância do assunto. O autor já havia dito, no v.6, que o ministério de Jesus é superior. Mas não para por aí. No mesmo versículo, ele declara que Jesus é mediador de superior aliança. Essas palavras, por certo, soavam ásperas aos ouvidos de muitos crentes, pois não era fácil aceitar a ideia de que havia uma aliança superior à do Sinai.
O significado da Nova Aliança: O termo aliança deriva da palavra grega diatheke, e significa pacto, acordo, testamento. No sentido teológico, trata-se de um pacto com critérios de aproximação e permanência dos pecadores diante de Deus. É esse o sentido de aliança presente no texto de Hebreus 8. Para entendermos o significado da nova aliança, precisamos compreender a antiga. Esta se refere ao pacto selado entre Deus e o povo israelita. Dentro desse pacto, o povo prometia obediência às leis divinas: Quando Moisés se dirigiu ao povo e transmitiu-lhes todas as palavras e ordenanças do SENHOR, eles responderam em uníssono: “Faremos tudo o que o SENHOR ordenou” (Ex 24:3 – NVI). Ao mesmo tempo, Deus prometia “abençoar o povo e eles prometeram obedecer às suas leis. Mas a promessa deles, embora sincera, não condizia com sua ilegalidade interior”. [1]
Pelo caráter provisório desse antigo pacto, era necessário procurar lugar para outra aliança (v.7). O que caracteriza esta nova aliança? Para começar, não significa baixa de padrão de santidade exigido por Deus. Por isso, nela, a lei moral de Deus permanece em vigor. No versículo 10, lemos o seguinte: Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel [...]: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei. Sobre a nova aliança, podemos afirmar, ainda, que não é um novo sistema de leis. Deus não muda nem cancela a essência da aliança antiga, mas a forma de aplicá-la. Isso porque esta era sombra da nova aliança (v.5). Por exemplo, os ritos prescritos na lei cerimonial não permanecem. Os sacrifícios de animais deram lugar ao sacrifício único de Cristo e o tabernáculo terreno foi substituído pelo celestial, no qual Jesus é o sumo sacerdote (v.2).
Além disso, podemos afirmar que a nova aliança é a internalização da lei. As palavras do Senhor, antes escritas em tábuas de pedra, agora passam a ser escritas no coração do ser humano. É por isso que obedecemos a Deus por amor. A propósito, é isso que o Senhor espera de seus adoradores: obediência prazerosa, não obediência forçada. A nova aliança é, também, uma garantia essencialmente divina. Diferentemente do ocorrido na antiga, na nova aliança somente Deus se compromete em firmá-la. E isso ele faz colocando dentro de nós o Espírito Santo: Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis (Ez 36:27). O Espírito Santo nos ajuda a obedecer fielmente a Deus.
Jesus Cristo é o Mediador da Nova Aliança: O que é um mediador? É um árbitro; alguém que fica entre duas partes, a fim de estabelecer um acordo entre elas ou restaurar a paz e a amizade. Moisés serviu como mediador da antiga aliança, uma vez que foi por seu intermédio que as estipulações desta foram repassadas ao povo (Ex 24:3). Ele mesmo escreveu as palavras de Deus, no livro da aliança, e as leu (vv.4,7). Além dele, os sacerdotes também tinham o papel de mediadores entre Deus e os homens. Eles ofereciam sacrifícios a Deus pela remissão dos pecados das pessoas (Hb 8:3).
Cristo, porém, é Mediador de superior aliança (v.6). Sobre isso, devemos atentar para duas importantes verdades. A primeira delas diz respeito à autoridade de Jesus em mediar a nova aliança. Ninguém mais, além dele, poderia ter um papel tão significante. E por que não? Porque Jesus é o único detentor tanto da natureza humana quanto da divina. Sendo ele Deus e homem, tem capacidade suficiente para estabelecer, de uma vez por todas, a nova aliança entre o criador e a criatura. Ele selou esse pacto não por meio de sacrifícios de animais, mas por intermédio do sacrifício de si mesmo (Mc 14:24).
A segunda verdade diz respeito à misericórdia de Jesus em mediar a nova aliança. Ele pensou em nós, quando resolveu ser mediador da superior aliança. Esta envolve superior sacrifício. Bem profetizou Isaías: ... o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados (Is 53:5b). Que ato misericordioso! Ele passou pelo sofrimento para nos poupar de horrenda experiência. Logo, na nova aliança, cujo mediador é Jesus, podemos estar na presença de Deus, mesmo na condição de pecadores. Graças a ele, temos livre acesso ao Pai e a sua herança (1 Tm 2:5; Hb 9:15).
A necessidade de uma Nova Aliança: O versículo 7 do capítulo 8 de Hebreus sugere a necessidade de uma nova aliança: Pois, se a primeira aliança tivesse sido perfeita, não seria necessária uma nova aliança (NTLH). Por que a nova aliança era tão necessária? Consideremos alguns motivos. O primeiro deles se refere à infidelidade do povo à antiga aliança. A segunda parte do versículo 9, denuncia: ... pois eles não continuaram na minha aliança. Deus não errou ao estabelecer a antiga aliança, mas o povo que não a cumpriu. Este foi infiel semelhantemente a alguém que trai o seu cônjuge.
Os cristãos precisam levar Deus a sério. Faz-se, portanto, necessário observar as palavras do sábio: Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes (Ec 5:4). O segundo motivo se refere à externalidade da antiga aliança. Não foi à toa que o autor de Hebreus fez questão de frisar as seguintes palavras proferidas por Deus a seu povo: ... na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei (8:10b). A lei é mais eficaz quando escrita no coração do ser humano. Caso contrário, haverá recusa por parte deste em obedecer-lhe.
Assim, torna-se cada vez mais óbvia a necessidade de uma aliança superior. Isso porque os “pecadores precisam de um novo coração e de uma nova disposição interior, algo que somente a nova aliança pode oferecer”. [2] Contudo, o terceiro e principal motivo que torna necessária a nova aliança refere-se à temporariedade da antiga aliança. Em outras palavras, esta duraria por um tempo determinado (v.8), pois, segundo o propósito de Cristo, o Senhor das alianças, nasceu para ser transitória. A razão disso é que a antiga aliança era sombra da nova (v.5). Logo, a nova aliança, perfeita e definitiva, “é a expressão final e duradoura da graça de Deus”.
As promessas da Nova Aliança: O autor da carta aos Hebreus observa: ... é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. (Hb 8:6) Aqui, é importante entender que as “promessas não são melhores no sentido de serem mais confiáveis, mas melhores no sentido de terem um conteúdo superior. Deus promete uma substância melhor e termos melhores no novo concerto”. [4] Quais são essas promessas?
Em primeiro lugar, Deus promete um relacionamento estável: ... e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo (v.10c). No antigo pacto, esse relacionamento era o ideal de Deus; porém, a infidelidade do povo fez com que tal relação entre criatura e criador ficasse desgastada. O Senhor propõe, na nova aliança, um relacionamento íntimo, em que podemos chamar-lhe: “Meu Deus!” e por ele sermos tratados de “Meu Povo!”. Em segundo lugar, Deus promete um conhecimento profundo de sua pessoa: ...todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior (v.11). Conhecer a Deus é, em si, um tremendo privilégio (Jr 9:23). Todos os que tiverem a lei escrita no coração, saberão, de fato, o que é isso.
Tal promessa não é um conhecimento teórico e superficial, mas prático e profundo a respeito de Deus, por meio de Jesus. Em terceiro lugar, Deus promete perdão definitivo: Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei (v.12). A “expressão ‘dos seus pecados jamais me lembrarei’ significa ‘não mais os acusarei de seus pecados’. Deus se lembra daquilo que fizemos, mas não nos acusa”. [5]
APLICANDO A PALAVRA DE DEUS EM NOSSA VIDA
1. Devemos obedecer a Deu com seriedade - Servir a Deus com seriedade é uma prática de poucos, pois envolve compromisso constante. Por ignorar tal prática, o povo da aliança tornou-se infiel ao seu Deus e lançou por terra o pacto que havia estabelecido com o Senhor. Por isso, este teve de tomar uma atitude rígida: ... não atentei para eles, diz o Senhor (Hb 8:9). E nós, como temos agido sob o novo pacto? Temos ignorado ou levado a sério a vontade de Deus? Será que ele tem se agradado de nossas atitudes? Pensemos a respeito. Agora, somos povo de Deus. Portanto, ajamos como tal.
2. Devemos buscar conhecer a Deus profundamente - A nova aliança proporciona um conhecimento amplo da pessoa de Deus. Como está escrito: ... todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior (Hb 8:11). Aqui, o conhecimento não deve ser entendido como algo superficial. Deus quer que o conheçamos de modo íntimo. A nova aliança nos proporciona um relacionamento constante de devoção a ele por meio da leitura da sua palavra, das orações e dos jejuns. O conhecimento da pessoa de Deus é prático e profundo. Portanto, é tempo de nos achegarmos confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna (Hb 4:16).
CONCLUSÃO
Graças a Jesus Cristo podemos nos deleitar nas promessas da nova aliança. Esta não é nacional; não se restringe a um grupo, a uma tribo nem a uma nação. É universal! Em outras palavras, a nova aliança é para judeus e gentios (Mt 28:19; Rm 3:29; Rm 15:27). É para nós! Quando não tínhamos Cristo, estávamos separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa (Ef 2:12). Mas agora, em Cristo, fomos aproximados pelo sangue de Cristo (v.13).
Glórias a ele! Amém!

Bibliografia:
1. TAYLOR, Richard S. (et al). Comentário Bíblico Beacon: Hebreus a Apocalipse. Vol. 10. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. Pág 74
2. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento 2. Santo André: Geográfica, 2006. Pág 397
3. WILEY, Orton H. A Excelência da nova aliança em Cristo: Comentário Exaustivo da Carta aos Hebreus. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2008. Pág 365
4. TAYLOR, Richard S. (et al). Comentário Bíblico Beacon: Hebreus a Apocalipse. Vol. 10. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. Pág 72
5. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento 2. Santo André: Geográfica, 2006. Pág 398

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